Sejam bem-vindos!

Este site foi criado com a finalidade de divulgar a Doutrina Espírita, criando mais um espaço virtual onde seja possível o estudo e o aprimoramento pessoal. Não esqueça de deixar seu comentário, ajudando-nos na construção de mais esse site espírita na web.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

A PEDRA E O HOMEM


Ele não tinha para onde ir. Seus passos eram curtos, sem pressa. Seu coração quase não batia. Quando teria sido a ultima vez em que fez uma refeição decente? Ou que tenha entrado em algum lugar e sido reconhecido e felicitado por estar ali? Já não se lembrava mais. Sua vida era vazia. Sem horas. Mas ao mesmo tempo, infinita. Pois tudo parecia demorar-se demais. Mas ele não tinha pressa.
De pés descalços, roupas rotas, avistou uma pequena pedra em seu caminho. Escorregadia e um pouco íngreme, tornou difícil sua tarefa de escalá-la. O esforço fez com que ficasse um pouco ofegante, o que, curiosamente, trouxe-lhe uma sensação de infinito bem estar. Sentiu-se vivo.

Sentou-se no alto da pedra e olhou ao seu redor. Tal foi sua surpresa quando percebeu que aquela “pequena pedra” tornara-se uma belíssima montanha. Quanto tempo se demorara escalando-a? Que pedra mágica era aquela?
Assustado, olhou a sua volta e percebeu que as nuvens estavam bem abaixo dos seus pés formando um gigantesco tapete de algodão. Acima de sua cabeça, pela primeira vez depois de tanto tempo, o céu estava límpido, de um azul celeste profundo.
Sentiu a emoção tomando conta de seu corpo. O seu peito, que por tantos anos mantivera-se inerte, agora sentia uma vibração estranha crescendo em espiral irradiando-se do seu peito em direção a outros órgãos de seu corpo, tomando-lhe como um todo. Um sorriso tímido brotou-lhe dos lábios. Abriu os braços em direção ao céu e respirou fundo. Sentiu seus pulmões enchendo-se de ar e de vida.
Onde estivera durante tanto tempo? Quem fora? O que fizera? Homem, mulher, criança, que tipo de ser seria ele?
Uma luz radiante invadiu o ambiente naquele momento, cegando-o por instantes. A luz parecia fazer-se cada vez mais próxima.
Abaixou os olhos num reflexo habitual para fugir à luz e viu seus próprios pés machucados, sangrando. A barra de sua calça suja de lama e lodo. Rasgos e arranhões pela pele. Passou as mãos em seu rosto e sentiu-o áspero e repleto de sulcos profundos. De repente, uma tristeza tomou conta de seu coração. Ele não merecia aquela felicidade. Ele não era digno de presenciar tanta beleza. Não ele! Não um ser tão asqueroso e detestável!
Seu coração paralisou novamente. Seus olhos que, por alguns instantes estavam vívidos, tornaram-se vítreos.
Sentiu-se humilhado por não ser merecedor de tanta felicidade. Indagou-se de Deus, e chegou à conclusão de que também não era merecedor do amor do Pai.
De olhar baixo, pôs-se a descer novamente da pedra, para o lugar ao qual acreditava pertencer.
A luz radiante, que realmente se movia em direção à pedra, começou a apagar-se aos poucos, revelando sua fonte. Dois seres repletos de luz podiam então ser avistados trazendo nas mãos roupas alvas e diversos outros itens de vestuário de tenuíssima textura.
- Ele desistiu?
- Sim. A esperança o fez subir a pedra, mas a auto piedade o fez descer novamente.
- Por que não suportou ver-nos?
- Porque a luz revela a distância que os homens ainda estão daquilo que nosso Pai espera de nós.
- Se ao menos ele tivesse tido fé! – lamentou o jovem Ser.
- Não te preocupes, irmão. Outras tantas pedras Deus há de colocar em seu caminho, e muitas o homem há de escalar com coragem. Uma hora há de chegar em que não terá mais medo da felicidade que o espera, nem da conseqüente responsabilidade. E então manterá seus olhos firmes em direção à luz, e não mais desviará o olhar. Pois todo aquele que enfrenta sua pedra, atinge o cume das montanhas com sua bandeira de vitória, e assim torna-se merecedor de aproximar-se de Deus.
Enquanto os dois seres iluminados construíam mais uma pedra em algum lugar, o homem continuava em seu caminho, com passos lentos e curtos. Sem pressa de chegar.

Um comentário:

  1. Quantas pedras mais precisarei, para me sentir merecedora?

    ResponderExcluir