O que a Mediunidade
tem a ver com a Obsessão?
Raramente a mediunidade desenvolve-se
espontaneamente e sem tropeços. Na grande maioria dos casos, ela começa com
perturbações nervosas e mentais, próprias do estado inferior do encarnado ou
que servem de advertência. Tais pessoas pelo geral são muito sensíveis e
perturbam-se facilmente. As referidas perturbações, conquanto ligadas aos defeitos
do sujeito, são provocadas pela influência de espíritos capazes de
prejudicá-lo.
Quase todos os candidatos têm acompanhantes
sofredores que são ou inconscientes da sua situação de desencarnados ou lúcidos
vingadores querendo fazer justiça pelas próprias mãos. Assim, a obsessão é
comumente a causa que leva a pessoa a desenvolver a mediunidade ao procurar
auxílio num centro espírita.
IMPORTANTE: As obsessões
podem ocorrer a
qualquer um que não se acautele,
mesmo que não seja médium.
qualquer um que não se acautele,
mesmo que não seja médium.
Doenças de Natureza
Espiritual
Observando-se o comportamento e as manifestações
sintomáticas apresentadas por essa categoria de enfermos, o Codificador
elaborou uma classificação das espiritopatias, levando em conta o grau de
constrangimento fluídico imposto à criatura pelas entidades obsessoras.
I – Auto-Obsessão
Reflete as explosões de ódio, irritações
momentâneas e cenas de ciúmes que se manifestam repentinamente, cessando logo
depois, de modo a deixar a própria criatura atônita e envergonhada, sem
explicações para o comportamento impensado.
É um processo puramente anímico, em que a própria
mente em torvelinho gera um estado de desequilíbrio patológico. A propósito
dessa possibilidade assim se expressou Kardec:
“É
necessário dizer também, que se culpam, frequentemente, os Espíritos estranhos
de danos dos quais são muito inocentes; certos estados doentios, e certas
aberrações que se atribuem a uma causa oculta, por vezes, devem-se simplesmente
ao Espírito do próprio indivíduo. As contrariedades, que mais comumente cada um
concentra em si mesmo, sobretudo os
desgostos amorosos, fazem cometer muitos atos excêntricos que se estaria errado
em levar à conta da obsessão. Freqüentemente pode ser-se obsessor de si
próprio”.
(Allan Kardec –
Obras Póstumas, item 58)
2 – Obsessão Simples e Física
A obsessão simples corresponde à fase inicial do
processo propriamente dito, de forma que os sintomas são de pouca monta. Embora
nessa fase a sintomatologia seja mais amena, o desconforto torna-se uma
realidade, na medida em que o médium sente-se constrangido por um espírito que
dele não se afasta e que se manifesta indevidamente em locais e horários
impróprios, não permitindo que outras entidades espirituais dele se aproximem.
O constrangimento obsessivo simples pode ser
considerado como um chamamento à responsabilidade que a prática da mediunidade
requer.
Sem
manifestações ostensivas, não visa alterar as faculdades mentais, porém age com
sutileza, através de sugestões constantes, lentamente, mas de maneira
sistemática, solapando as forças morais da vítima, tornando-a incapaz de
reações salvadoras. Sob essa pressão magnética doentia, o assediado vê-se dono
de uma tristeza enorme e de um desânimo avassalador, tornando-se apavorado
perante a vida. Tudo lhe causa impressão de perigo e de desgraça iminente.
Já a obsessão física, decorre de mecanismos mais
sofisticados e se caracteriza por manifestações de repercussão material, como os “raps”, os movimentos
de objetos sem contato físico, as combustões espontâneas e os fenômenos
ruidosos os mais variados.
Os obsessores, ou espíritos perturbadores, se
aproveitam do ectoplasma do médium de efeitos físicos, no caso a própria
vítima, e o perturbam com tais manifestações.
3 – Fascinação
É um estado de constrangimento mais bem acentuado e
a sua principal característica é a ilusão produzida pelo próprio espírito
desencarnado sobre o
patrimônio mental da criatura, paralisando-lhe o raciocínio e impedindo-lhe o reconhecimento da doença.
Deflue de sutil ação hipnótica exercida pacientemente
e de forma prolongada pelo obsessor, acarretando conseqüências bem mais graves.
O enfermo, nesse caso, jamais se admite como tal, pois perde por completo o
sendo de autocrítica.
O fascinado de uma maneira geral, se caracteriza
pelo exagero de posições opiniáticas, resvalando para o radicalismo total. As
idéias fanáticas, que lhe são sopradas, não lhe permitem aceitar
contra-argumentações. A fascinação é sobejamente encontrada entre aqueles que
se integram de corpo e alma nos movimentos político-partidários, bem como,
entre os adeptos de algumas seitas religiosas.
O médium espírita acometido desse tipo de obsessão
se constitui num dos mais sérios problemas enfrentados pela Doutrina.
Habitualmente, trata-se da presença de espíritos
mais atilados e inteligentes, embora desprovidos de senso moral. Satisfazem a
sua vaidade tola à custa de um médium também vaidoso e incapaz de se acreditar
influenciado por um espírito enganador. O que dizem, fazem ou escrevem, quando
mediunizados, tem força de lei e não pode ser contestado. Qualquer crítica
construtiva é recebida como verdadeira agressão e simplesmente se afastam
daqueles que, sinceramente, procuram-no alertar.
Os médiuns fascinados, quando não acudidos a tempo,
evoluem para uma forma de constrangimento espiritual mais grave (a subjugação)
sacrificando dolorosamente o mandato que lhes foi confiado por Deus.
Neste
tipo de obsessão, além da sensibilidade mediúnica desequilibrada por
desconhecimento e falta de evangelização, pressupõe-se ainda a existência de
uma personalidade já deturpada, pelo menos nas fascinações que resultam em
tragédias.
4 – Subjugação Moral e Corporal
É a fase mais avançada da enfermidade, ficando a
criatura, totalmente à mercê dos espíritos obsessores. A sintomatologia se
confunde, então, com as diversas manifestações clínicas das psicoses graves.
A subjugação, segundo Kardec, pode ser moral ou
corporal. Na primeira contingência, a vítima encontra-se intensamente
comprometida no seu patrimônio mento-afetivo, ocorrendo desorientação
espaço-temporal, alucinações auditivas e visuais, indiferença pelos
circunstantes, desinteresse pelo trabalho e profundo desprezo pela vida,
culminando, às vezes, com idéias suicidas.
São manifestações sintomáticas perfeitamente
compatíveis com as descrições das esquizofrenias ou das depressões acentuadas,
além da tendência à cronificação, pela resposta insuficiente à terapêutica
medicamentosa clássica.
Na subjugação corporal, os obsessores atuam
diretamente sobre as estruturas motoras, impondo movimentos e atitudes involuntárias
cuja finalidade não é outra senão a de expor a criatura ao ridículo. Incluam-se
nessa contingência alguns casos de manifestações epileptiformes, chamadas de
“essenciais” pela Medicina, em virtude de não registrarem anormalidades no
traçado eletroencefalográfico.
Na maioria das vezes, as duas modalidades se
acoplam e os enfermos apresentam os sinais e sintomas bem característicos dos
transtornos psicóticos.
Quais os Métodos
utilizados pelos Obsessores?
São vários os métodos e processos utilizados por
perseguidores conscientes. Os mais comuns são o hipnotismo e a sugestão telepática.
Além
desses, registra-se o roubo fluídico. Tal transgressão deixa o
indivíduo exausto, leva-o ao desânimo. Poderia culminar na morte do médium,
dependendo da persistência do atacante e da resistência orgânica do perseguido,
levando-se em conta o fator tempo.
Quanto mais cedo descoberta a fraude
da entidade, explorando o médium obsediado, mais chances este teria de reação e
restabelecimento.
Por
sua vez, a hipnose se faz sentir principalmente na subjugação moral, quando o
perseguido termina por perder sua vontade. Pode então, ser arrastado a um
comportamento altamente lesivo, tornando-se cruel, despótico, capaz de cometer
desmandos e até mesmo crimes.
Contudo,
deve atentar-se para o fato de que, embora tenha havido perda da vontade, permanece
a parcela de responsabilidade da vítima, pois dificilmente o Espírito
subjugador conseguiria tais excessos junto de uma criatura evangelizada.
A
hipnose faria vítimas também quando se tratasse de subjugação corporal ou física. Nesse caso, o perseguido seria
levado a executar movimentos e gestos involuntários, como se fosse um
teleguiado ou autômato.
Kardec
cita o exemplo de um cidadão de sua época, o qual, em plena consciência, sentia-se
obrigado a ajoelhar-se diante de mulheres que nem conhecia. Tido como louco, na
realidade era vítima de subjugação
corporal.
Aliás,
para os doentes mentais, Instrutores do Espaço aconselham, ao lado do
tratamento médico indispensável, a assistência espiritual nos bons núcleos
doutrinários e a ação ordenada e inteligente do grupo familiar no sentido da
evangelização de todos, além dos recursos da higienização mental, para promover
a subida do padrão vibratório do lar.
Com
estas medidas, com freqüência, consegue-se evitar em grande número de casos, um
internamento definitivo do doente.
Lares evangelizados são fortalezas resistentes a esse tipo de ação
obsessiva.
O Culto do
Evangelho no Lar é recomendado também, por isso, a todas as famílias,
em especial àquelas que abrigam já algum de seus membros em desequilíbrio.
Desobsessão e
Responsabilidade Individual
Por se tratar de uma enfermidade de natureza
espiritual, a investigação dos casos suspeitos é realizada dentro dos padrões
clássicos propostos pelo Espiritismo e, obviamente, fundamentada no
reconhecimento da ação do mundo invisível.
O diagnóstico de certeza é feito através da
investigação espiritual propriamente dita, utilizando-se para isso, os recursos
da mediunidade. Inicialmente obtém-se um relato pormenorizado de todos os
sintomas e, numa segunda fase, afasta-se ou não, a possibilidade de uma causa
orgânica. Isso nos parece de capital importância para que não incorramos no
lamentável erro de confundirmos sintomas psíquicos, desencadeados por causas neurológicas,
com manifestações obsessivas, visto que, na primeira condição, a conduta é
única e exclusivamente da alçada médica.
Todo portador de influenciação espiritual negativa,
principalmente o médium declarado, quando se sujeita aos imperativos da prática
desobsessiva, deve estar atento para o cumprimento da parte que lhe compete no
decorrer do tratamento preconizado. O nosso intuito é reforçar o aspecto
particular do bom ânimo e do interesse individual, ressaltando a importância de
tais iniciativas compensadoras, se devidamente valorizadas.
Por terapia
espírita nós entendemos o conjunto de procedimentos doutrinários que englobam
desde os trabalhos de desobsessão às orientações psico-pedagógicas a que as
criaturas enfermas se submetem na busca de seu bem-estar espiritual, emocional
e orgânico.
Tais procedimentos visam equacionar os
desequilíbrios que se expressam sob a forma de neuroses desencadeadas pela
própria individualidade diante das dificuldades corriqueiras, decepções
sentimentais e frustrações as mais variadas. E objetivam também anular as
influências de espíritos obsessores que habitualmente se empenham na
perturbação dos médiuns.
Medida recomendável e de muito boa repercussão é o
engajamento do paciente nos grupos assistenciais que lhe permitam o exercício
continuado da caridade pura, como estímulo ao desenvolvimento da solidariedade
cristã.
Esse é o conjunto de procedimentos intransferíveis
que compete a cada qual executar, sem que se deixe abater pelo desânimo.
Os que compreenderem o valor desse esforço
espontâneo, despendido no decorrer de um tratamento espiritual, estarão
colaborando, decisivamente, para consolidar a sua cura e restaurar a harmonia
tão almejada por todos.
(Aula ministrada por Ricardo de Moraes Faria, no dia 01/10/11, na FEJOG, em Vila Velha-ES)
(Texto adaptado do livro Transe e Mediunidade, de Lamartine Palhano Jr)
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